NEGPEI convida: Defesa de tese da doutoranda Alessandra Jungs de Almeida
O NEGPEI convida a comunidade UFSC para a defesa de tese da doutoranda do PPGRI e membra do NEGPEI Alessandra Jungs de Almeida.
Pedimos para quem for assistir, que inscreva-se no seguinte link.
Título: Direitos reprodutivos na América Latina: ativismos transnacionais e a evolução das políticas de legalização e criminalização do aborto na Argentina e no Brasil (2010-2022)
Resumo: Esta tese de doutorado analisa como os movimentos feministas e antifeministas transnacionais promoveram a difusão e a internalização de normas internacionais sobre direitos reprodutivos no Brasil e na Argentina entre 2010 e 2022. A pergunta central é: “Como os ativismos transnacionais feministas e antifeministas promoveram e internalizaram normas internacionais sobre a legalização e criminalização do aborto no Brasil e na Argentina?” Os objetivos da tese incluem: (1) identificar as ações, estratégias e métodos de ativismos transnacionais feministas e antifeministas no Brasil e na Argentina, situando historicamente suas ações; (2) analisar teoricamente as ações desses ativismos em fóruns multilaterais relacionados a gênero e sua relação com a política externa de ambos os países; (3) entender como esses ativismos transnacionais demandam, recusam e produzem dados para seus objetivos políticos. O argumento desenvolvido é que o movimento feminista da Maré Verde, que emergiu na Argentina mas atuou transnacionalmente, conseguiu articular e difundir a norma da legalização do aborto regionalmente sem depender das estruturas do Norte global, desafiando as teorias clássicas da difusão de normas que enfatizam a dependência das redes transnacionais em relação ao Norte global. Por outro lado, os movimentos antiaborto transnacionais do Brasil e da Argentina utilizaram estratégias de contra enquadramento, apesar de não terem envolvimento formal na maior parte das organizações internacionais regionais. Além disso, a demanda, recusa ou produção de dados pelos ativismos transnacionais feministas variou conforme a necessidade de capital e recursos humanos. Por vezes, organizações locais priorizaram o ativismo de dados interno, usando o ativismo transnacional de dados como recurso complementar. Em contraste, ativistas antiaborto utilizam estratégias de contra enquadramento, empregando a linguagem internacional de direitos humanos para se opor aos esforços de produção de dados dos grupos pró-direitos reprodutivos. A metodologia combina entrevistas com 17 ativistas de organizações e movimentos sociais transnacionais, análise documental de 770 documentos de fóruns multilaterais (dos quais 249 referem-se a direitos reprodutivos), e análise discursiva de material publicado por grupos antiaborto em suas mídias sociais.